Surpresas dos Deuses do Esporte

Alonso foi o nome do campeonato 2010. Quando ninguém acreditava numa recuperação da Ferrari, o piloto espanhol declarou que seria campeão e a reação não poderia ser diferente, todos riram, pois naquele momento a superioridade da Red Bull e da McLaren parecia inalcançável.

Mas após o GP da Alemanha, naquele domingo triste do automobilismo brasileiro quando fomos obrigados a assitir nossa esperança abrir passagem, a McLaren perdeu rendimento e a Red Bull perdeu valiosos pontos pelos erros infantis da sua dupla de pilotos. Então, a profecia do asturiano deixou de virar piada.

Na penúltima etapa, no Brasil, todos davam como certo o campeonato do espanhol depois de a Red Bull afirmar que não faria jogo de equipe e não trocar as posições de Vettel e Webber. A lógica era ferrarista, mas os deuses do esporte são mais poderosos.

Numa pista construída para ser o maior parque de diversões do mundo, esqueceram de fazer pontos de ultrapassagem, o detalhe mais divertido do automobilismo e Abu Dhabi virou sinônimo de corrida chata. O palco da última corrida não era o melhor, mas finalizando um dos mais disputados anos da categoria, a emoção estava garantida.

E foi emocionante ver o heptacampeão sair ileso depois de quase ser atingido na cabeça pela Force India de Liuzzi, obrigando a entrada do safety car, uma grande oportunidade para uma parada de troca de pneus, opção que a tradicional equipe de Maranello deixou de fazer, destruindo as chances dos seus pilotos na pista. Uma rodada de Schumacher destruiu a estratégia da Ferrari, uma irônica surpresa.

Seguindo o que tinha sido acordado, Alonso parou depois e voltou atrás de Petrov que tem muitas chances de ficar de fora em 2011, mais um bom motivo para não facilitar a ultrapassagem do espanhol. Então, mais uma grande ironia, Alonso, bi-campeão pela Renault teve suas chances destruídas pelo 2º piloto da sua antiga equipe, aquela mesma que não era digna do seu talento e em que ele foi ajudado pela destruição da carreira do então 2º piloto, Piquet. Após a bandeirada, escancarou a sua arrogância, aquela mesma que limou as chances de vitória de Massa e que foi mal disfarçada nas declarações posteriores, gesticulando nervosamente contra o piloto russo. Os deuses do esporte mostraram porque Alonso não deveria ser campeão. Uma surpresa para os que ainda acreditavam na sua índole.

Webber foi estranhamente apático. O piloto australiano mostrava-se derrotado nos primeiros treinos, talvez depois da decepção do 2º lugar no Brasil. Classificou-se mal e mal permaneceu na corrida, apesar de guiar o melhor carro do ano. Acreditei que voltaria a ser o mesmo que venceu em Mônaco, mas talvez os deuses o abandonaram. Uma triste surpresa.

Contra a lógica dos pontos, a consagração de Vettel. O alemãozinho que como criança chorou e que como aprendiz errou durante o ano, mostrou que é o melhor. Mereceu por tudo que já fez na Fórmula 1, por amar os carros e pilotar como um gênio mesmo quando não tinha o melhor carro, como em 2008 sob chuva intensa em Monza. Uma grata surpresa.

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